Wednesday 7 December 2011

Faire-Part: Musée Henri Langlois, Jean Rouch

A "carta filmada" ao ministro da altura, motivada pela estupefacção perante uma decisão tomada como errada, toma a forma de uma declaração de amor, àquele lugar e ao que ele representa, indissociável da evocação do seu criador.
Demorando-se nas salas, em alguns objectos, expondo algumas das ideias mestras de Langlois na construção do seu museu do cinema, mais distante da disciplina de museologia (talvez por isso Jack Lang não conseguia ver nele um museu, mas apenas um "gabinete de curiosidades", como faz saber Rouch) do que de um conhecimento e amor profundamente vividos com as peças, as instalações e aquilo que naquele lugar preciso elas invocavam, Rouch transmite o fulcro da experiência daquele museu, que se pode dizer concebido a partir de um trabalho de montagem (cinematográfica).
Como disse Rouch em 1997, o seu filme não mudou nada. O museu acabou. A última imagem é a da saída, onde a câmara se detém para fixar a imagem da Torre Eiffel através do vidro da porta da cinemateca, "a saída normal do museu do cinema". (Ou sim, mudou alguma coisa, porque o fantasma do museu do cinema de Henri Langlois volta a animar-se sempre que este filme é projectado).
Maria João Madeira

"Alguns dias mais tarde um incêndio devastava o museu dos Monumentos franceses, situado no andar de cima e, tentando apagar o fogo, os bombeiros inundaram e destruíram totalmente o Museu do Cinema. O nosso filme é o único testemunho dele."
Jean Rouch

(o que eu não dava por ter conhecido este museu...)

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