A minha curta visita ao Doclisboa não foi uma de verdade crua, mas sim de fantasia e de cinema. Em Agnès de ci de là Varda, no primeiro episódio de uma série que vai estrear em Dezembro no canal Arte de "crónicas filmadas e comentadas por Varda durante as suas viagens, nos últimos dois anos", o que existe é uma viagem em que Varda, que nem passarinho que vai ci e vai là, nos leva ao seu mundo de fantasia e de paixão pela 7ª arte. Vemos o Chris Marker fechado na sua casa parisiense, mascarado de gato e depois nos meandros internáuticos do Second Life; uma homenagem a Jacques Demy em Nantes; e um Manoel de Oliveira, no Porto, numa batalha com o destino. Enquanto imita Charlot para entreter os amigos, Manoel fala-nos do "anjo da guarda do Cinema". Mas esta série de Agnès Varda não é só o filmar de pessoas ligadas a todas as artes, é também o filmar das pessoas nas ruas, as pessoam que fogem à chuva ou as que dançam Jacques Demy. No fim de contas, é tudo pelo cinema e pela cinefilia,
E porque não chegava, surge Sodankyla Forever, onde, Peter von Bagh, ao reunir depoimentos de realizadores dos quatro cantos do Mundo durante o Midnight Sun Festival, faz uma reflexão sobre o que é a cinefilia, que como demonstra através de uma definição do wikipedia é um amor fora do normal pelo cinema, ou algo do género. Neste documentário podemos ver um festival onde tudo se une pelo cinema, e para deleite do espectador, podemos ver coisas tão simples como Jarmusch e Bergman em amena cavaqueira enquanto comem uma salsicha num churrasco.
"Uma coisa é dizer que se gosta de cinema, outra diferente, é afirmar que se ama o cinema.”
João Bénard da Costa