Sunday, 30 October 2011

Surge uma frase em Monsieur Ripois que me parece adequada para agora: "so much money in the world and so little in my pocket".
Por favor, filmes do Gérard Philipe, o Modigliani desesperado.
Esta música lembra-me sempre o susurro de Marianne Faithfull em Made in USA, um dos momentos mais bonitos do filme.
Pourquoi je filme ?
Parce que j’aime ça
Parce que ça bouge
Parce que ça vit
Parce que ça pleure
Parce que ça rit
Parce qu’au ciné
On est dans le noir
On est au chaud
Entre un mec qui vous fait du genou
Et une nana qui enlève le sien
Devant un con qui parle trop fort
Derrière un génie aux cheveux ébouriffés
Qui vous empêche de lire les sous-titres
Parce que ça danse
Parce que ça chante
Alors je plane
Parce que c’est beau
Parce que filmer c’est comme une femme
C’est comme un homme
Ça peut faire mal
Ça vous écorche
C’est parfois moche
Mais c’est bien quand même
Parce que ça zoom
Parce que ça travelling
Parce que ça silence et moteur et coupez
Parce qu’on rêve
À vingt-quatre images seconde
Et que par conséquent ça fonce dans la nuit
À quatre-vingt six mille quatre cents
images à l’heure
Et que le TGV en crève de jalousie
Parce que c’est blanc
Parce que c’est noir et bien
d’autres choses encore
Parce que j’aime ça
Et parce que
je ne sais rien faire d’autre.

Jacques Demy
Publié dans le journal
Libération en 1987

La nuit cinéphile

A minha curta visita ao Doclisboa não foi uma de verdade crua, mas sim de fantasia e de cinema. Em Agnès de ci de là Varda, no primeiro episódio de uma série que vai estrear em Dezembro no canal Arte de "crónicas filmadas e comentadas por Varda durante as suas viagens, nos últimos dois anos", o que existe é uma viagem em que Varda, que nem passarinho que vai ci e vai là, nos leva ao seu mundo de fantasia e de paixão pela 7ª arte. Vemos o Chris Marker fechado na sua casa parisiense, mascarado de gato e depois nos meandros internáuticos do Second Life; uma homenagem a Jacques Demy em Nantes; e um Manoel de Oliveira, no Porto, numa batalha com o destino. Enquanto imita Charlot para entreter os amigos, Manoel fala-nos do "anjo da guarda do Cinema". Mas esta série de Agnès Varda não é só o filmar de pessoas ligadas a todas as artes, é também o filmar das pessoas nas ruas, as pessoam que fogem à chuva ou as que dançam Jacques Demy. No fim de contas, é tudo pelo cinema e pela cinefilia,
E porque não chegava, surge Sodankyla Forever, onde, Peter von Bagh, ao reunir depoimentos de realizadores dos quatro cantos do Mundo durante o Midnight Sun Festival, faz uma reflexão sobre o que é a cinefilia, que como demonstra através de uma definição do wikipedia é um amor fora do normal pelo cinema, ou algo do género. Neste documentário podemos ver um festival onde tudo se une pelo cinema, e para deleite do espectador, podemos ver coisas tão simples como Jarmusch e Bergman em amena cavaqueira enquanto comem uma salsicha num churrasco.

"Uma coisa é dizer que se gosta de cinema, outra diferente, é afirmar que se ama o cinema.”
João Bénard da Costa