Só depois daquela cena em que Modigliani, completamente desesperado e suado, doente, arrasta-se por um café a tentar vender os seus rascunhos por 5 francos é que percebi a beleza de Montparnasse 19.
Aí comecei a ver os lindos close-ups, as sombras, a doçura de Anouk Aimée e a fragilidade de Gérard Philipe como Modigliani. Só no fim do filme, naquela cena tocante que mais lembra um pesadelo, quando, no meio do nevoeiro, o comprador de arte anda atrás de Modigliani que nem o espectro da morte. Só no fim, quando vejo toda uma vida de procura de reconhecimento e não de riqueza a ser colhida pela ganância e por um amontoado de quadros é que toda a beleza do filme me assola. Mais vale tarde do que nunca. Mas vale mesmo.
Enfin, a vida de artista é difícil.