Wednesday 10 August 2011

 Brother. Mother. It was they that lead me to your door.
Só porque passear pela natureza no seu estado mais puro, com uma luz incrível e de câmara em mão lembra-me sempre esta obra prima majestral e esta citação susurrada.

Bergman & Honoré

Na entrevista a Christophe Honoré que já postei há uns dias atrás uma das ideias que mais me marcou foi a que ele defendia como cinéfilo se tornou cineasta não porque tinha algo a dizer mas sim pour prolonger mes rêveries d'adolescent sur le cinéma. [Je fais partie des cinéastes qui filment parce qu'ils ont vu les films des autres. Je ne suis pas devenu réalisateur parce que j'avais quelque chose à dire, mais pour prolonger mes rêveries d'adolescent sur le cinéma. Se référer à Jacques Demy ou à François Truffaut n'empêche pas de parler du monde, au contraire.]
E como estamos numa de contrapor vários cineastas, descubro agora esta intervenção de Ingmar Bergman no vídeo acima onde diz "But I think that... those that are emerging are so incredibly talented. These young emerging directors. They know the job well. But it's not so often that they really have nothing to say." Sem tirar mérito a nenhum deles, acho fantásticas estas visões diferentes de dois cineastas cujas obras são incrivelmente antagónicas e igualmente importantes.
“He’s done two masterpieces, you don’t have to bother with the rest. One is Blow-Up (1966), which I’ve seen many times, and the other is La Notte (1961), also a wonderful film, although that’s mostly because of the young Jeanne Moreau.”
Ingmar Bergman on Antonioni

Curioso. Morreram os dois exactamente no mesmo dia, 30 de Julho de 2007, e nesse dia o Cinema ficou mais pobre. Mas depois encontro uma destas citações de Bergman. Contudo, com todo o devido respeito vou ter de discordar de si Sr. Bergman.

La Notte

Um acumulado de pensamentos, emoções, medos, decadência e amor. É Antonioni. Para mim um filme de Antonioni começa bem mas à medida que vai avançando o ambiente vai-se intensificando e adensando, as emoções vêm ao de cima e nas cenas finais chega-se ao apogeu, ao auge do filme, como quando os timbales soam no final de uma música clássica. E La Notte é o perfeito exemplo disso porque aquela cena final é de uma beleza trágica incrível como há em poucos filmes.