Enquanto estava a fazer um trabalho sobre o cinema expressionista alemão lá descobri isto. Não sei quão leal à verdade é este filme, mas o senhor Max Schreck nunca saía da personagem no set do Nosferatu. E é assim muito rapidamente que o meu interesse pelo cinema alemão começa a aumentar. Hoje era suposto ser a noite de Das Cabinet des Dr. Caligari, mas como o sono é muito e não quero arriscar ficar como o Cesare, uma sonâmbula assassina, é capaz de ficar para outro dia. Apetece-me filmes mudos e muito expressionismo, c'est ça.
Saturday, 1 October 2011
Souvenir d'un avenir, Chris Marker
O Coraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin) chegou a mim não contrabandeado num carrinho de bebé mas o impacto foi o mesmo. Agora percebo o porquê da polémica à volta deste filme, o porquê de Einsenstein ser louvado pela sua montagem revolucionária, o porquê deste ser "possivelmente, um dos filmes mais analisados da história do cinema", o porquê daquela cena nas escadas em Odessa ser constantemente analisada, comentada e mencionada. E enfim, o porquê de alguns filmes só poderem ser vistos no grande ecrã. Como Manuel Cintra Ferreira escreve na folha da Cinemateca, "um dos momentos fundamentais da história do cinema, um daqueles em que a linguagem deu um salto qualitativo de dimensões gigantescas". Eisenstein, ajoelho-me aos teus pés.
"Também a construção do filme contribuiu para uma "revisão" ou "falsificação" como queiram, dos acontecimentos do Potemkine. Tudo o que se escreveu sobre o motim, depois do filme, teve em conta a sua posição, isto é, a verdade histórica deu lugar à "verdade" da lenda. Eisenstein conta mesmo que recebeu uma carta de um dos marinheiros do Potemkine que se amotinaram agradecendo-lhe o filme que fizera e afirmando que era um dos que tinha sido metidos debaixo da lona. Eisenstein afirma que não teve coragem de lhe responder que esse episódio fora inteiramente inventado por ele. Uma ópera composta posteriormente sobre o motim seguiu o filme de Eisenstein em vez dos acontecimentos reais. Que é isto senão exemplo do que John Ford ilustraria ao longo de toda a sua carreira e que culminaria no The Man Who Shot Liberty Valance: Quando a lenda ocupa o lugar da verdade, publica-se a lenda ?"
Manuel Cintra Ferreira
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