Uma tarde passada a ver a relação carinhosa de Agnès Varda com Jacques Demy em Jacquot de Nantes e L'Univers de Jacques Demy.
Jacquot de Nantes é uma prenda de Varda para Demy, que morreu 10 dias após a conclusão do filme, e mostra a enternecedora infância do cineasta que desde (mais ao menos) os 9 anos já fazia os seus próprios filmes com desenhos em película, recorrendo, basicamente, ao stop motion. É no filme de Agnès Varda que, para além de vermos estas pérolas que são os primeiros filmes de um jovem Jacques Demy (que são verdadeiramente impressionantes), vemos a paciência que este sempre teve na sua dedicação de corpo e alma ao Cinema. Demy era, efectivamente, um homem paciente e interessado que, depois de vários anos dedicados inteiramente ao Cinema, após grandes lutas com o seu pai que em jovem o obrigou a ser mecânico, no final da sua vida dedicou-se à música, à pintura, entre outras artes.
A musicalidade dos seus filmes estão presentes de uma forma muito própria, pois na verdade este é um filme de Varda sobre Demy, e a assinatura de Agnès está bem clara. É ela que torna Jacquot de Nantes num objecto filmíco precioso, único e muito característico.
Enfim, Agnès Varda mostra, de uma maneira gloriosa, a passagem de Jacquot, a criança ingénua e feliz no seio da sua família, para Jacques, o jovem (e mais tarde adulto) abalado pelos acasos da vida, pela guerra e pelos entraves criados pelo seu pai no seu desejo de seguir cinema como carreira.
Merci Agnès et Jacques
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