Monday, 31 October 2011
Sunday, 30 October 2011
Pourquoi je filme ?
Parce que j’aime ça
Parce que ça bouge
Parce que ça vit
Parce que ça pleure
Parce que ça rit
Parce qu’au ciné
On est dans le noir
On est au chaud
Entre un mec qui vous fait du genou
Et une nana qui enlève le sien
Devant un con qui parle trop fort
Derrière un génie aux cheveux ébouriffés
Qui vous empêche de lire les sous-titres
Parce que ça danse
Parce que ça chante
Alors je plane
Parce que c’est beau
Parce que filmer c’est comme une femme
C’est comme un homme
Ça peut faire mal
Ça vous écorche
C’est parfois moche
Mais c’est bien quand même
Parce que ça zoom
Parce que ça travelling
Parce que ça silence et moteur et coupez
Parce qu’on rêve
À vingt-quatre images seconde
Et que par conséquent ça fonce dans la nuit
À quatre-vingt six mille quatre cents
images à l’heure
Et que le TGV en crève de jalousie
Parce que c’est blanc
Parce que c’est noir et bien
d’autres choses encore
Parce que j’aime ça
Et parce que
je ne sais rien faire d’autre.
Jacques Demy
Publié dans le journal
Libération en 1987
La nuit cinéphile
A minha curta visita ao Doclisboa não foi uma de verdade crua, mas sim de fantasia e de cinema. Em Agnès de ci de là Varda, no primeiro episódio de uma série que vai estrear em Dezembro no canal Arte de "crónicas filmadas e comentadas por Varda durante as suas viagens, nos últimos dois anos", o que existe é uma viagem em que Varda, que nem passarinho que vai ci e vai là, nos leva ao seu mundo de fantasia e de paixão pela 7ª arte. Vemos o Chris Marker fechado na sua casa parisiense, mascarado de gato e depois nos meandros internáuticos do Second Life; uma homenagem a Jacques Demy em Nantes; e um Manoel de Oliveira, no Porto, numa batalha com o destino. Enquanto imita Charlot para entreter os amigos, Manoel fala-nos do "anjo da guarda do Cinema". Mas esta série de Agnès Varda não é só o filmar de pessoas ligadas a todas as artes, é também o filmar das pessoas nas ruas, as pessoam que fogem à chuva ou as que dançam Jacques Demy. No fim de contas, é tudo pelo cinema e pela cinefilia,
E porque não chegava, surge Sodankyla Forever, onde, Peter von Bagh, ao reunir depoimentos de realizadores dos quatro cantos do Mundo durante o Midnight Sun Festival, faz uma reflexão sobre o que é a cinefilia, que como demonstra através de uma definição do wikipedia é um amor fora do normal pelo cinema, ou algo do género. Neste documentário podemos ver um festival onde tudo se une pelo cinema, e para deleite do espectador, podemos ver coisas tão simples como Jarmusch e Bergman em amena cavaqueira enquanto comem uma salsicha num churrasco.
"Uma coisa é dizer que se gosta de cinema, outra diferente, é afirmar que se ama o cinema.”
João Bénard da Costa
Thursday, 27 October 2011
Saturday, 22 October 2011
Deconstructing Harry
Richard: You create your own universe,
nicerthan the world we have.
Harry: l can't function in this world.
l'm a failure at life.
Larry: You put art into your work.
l put it into my life.
Wednesday, 19 October 2011
Tuesday, 18 October 2011
Oh Odéon!
O Cinema Odéon fica na Rua dos Condes, Nº 2-20, e data de 21 de Setembro de 1927, tendo sido estreado pelo filme mudo de Eric von Stroeheim, A Viúva Alegre. É a única sala de espectáculos de Lisboa alusiva ao período de Art Déco, apresentando pormenores de invulgar beleza e inovadores (frontão de palco em art déco, impressionante pé direito, tecto em madeira de verbena em forma de quilha, lustre de néons, etc.). Pela sua tela passaram clássicos do mudo e do sonoro, estrangeiros e portugueses, de Lang a Tod Browning, Eisenstein, Cukor ou Capra; Laura Alves, Madalena Iglésias, Joselito, etc. É propriedade privada. Está encerrado e à venda desde 1993. Lisboa não se pode dar ao luxo de perder o Odéon. É o local ideal para “a” sala de cinema independente de que Lisboa precisa.
(vá, não sejam preguiçosos)
Sunday, 16 October 2011
Duas curtas a ver
Spike Jonze, uma livraria antiga parisiense, stop motion e arts & crafts e Terry Gilliam e uma inspiração Felliniesque.
Fellini's fate
Filmmaker Chelsea McMullan’s emphatic new short documents the surreal myths surrounding Federico Fellini’s infamous unmade film Il Viaggio di G. Mastorna Detto Fernet (The Journey of G. Mastorna called Fernet), the story of a man living unknowingly in the afterlife. The avant-garde director described the project as his life’s curse, and legend has it that a magician once told Fellini that if he made the picture, it would be the last thing he ever did. Premiering at September’s Toronto Film Festival, Deragliamenti (Derailments)––an exclusive edit of which we present above––explores the tribulations surrounding the prospective movie and the La Dolce Vita director’s decision to produce the metaphysical tale as a comic strip with artist Milo Manara instead. “Manara saw himself as a vehicle through which Fellini could rid himself of the negativity,” explains McMullan. “The comic is less a visual adaptation of the film and more Fellini coming to terms with the approach of death.” In an eerie fulfillment of the magician’s prophecy, Il Maestro passed away six months after the publication of its first installment, making the comic strip the final project he ever worked on. We talked to McMullen about the enduring influence of the legendary Italian.
What did you find intriguing about the story of the curse surrounding Il Viaggio?
As filmmakers we use narrative to structure our thoughts and feelings, it gives us control over things we can’t explain. That’s why the curse is so fascinating. It had the ability to stifle Fellini from making the film.
Did you worry about the curse affecting you while making the documentary?
I had a bad accident riding my bike home one night and I remember lying on the pavement thinking that this was an extension of the curse. After that I started to be really paranoid. I think I was just living the story, which in way is a good thing, but it didn’t do much for my mental health.
You interview Manara in the documentary. Did he have any interesting insights into working with Fellini?
We conducted the interview in his studio in Verona. Manara explained he and Fellini would often go for dinner to discuss the project, and inevitably Fellini would start sketching his ideas on a napkin. Eventually Manara pulled out a drawer full of a thick pile of them, soiled with Bolognese, wine and olive oil. On each one was a faded sketch, some quite elaborate, others just faded lines, all hand drawn by Fellini.
Did Fellini see comics as being as important a medium as film?
Fellini considered and approached comics exactly as he did films. Visually, by using stills instead of moving images, Manara’s collaboration with Fellini acts as a bridge between comics and cinema.
What is it that still makes Fellini relevant today?
His films deconstruct every facet of popular culture in a single film: religion, paparazzi and celebrity. Fellini had the unique ability to be incredibly playful and dark at the same time. He placed the audience in a room full of funhouse mirrors and told them to look at themselves.
Saturday, 15 October 2011
Love & Death
Baisers Volés (1968), Truffaut
All men fear death. It's a natural fear that consumes us all. We fear death because we feel that we haven't loved well enough or loved at all, which ultimately are one and the same. However, when you make love with a truly great woman, one that deserves the utmost respect in this world and one that makes you feel truly powerful, that fear of death completely disappears. Because when you are sharing your body and heart with a great woman the world fades away. You two are the only ones in the entire universe. You conquer what most lesser men have never conquered before, you have conquered a great woman's heart, the most vulnerable thing she can offer to another. Death no longer lingers in the mind. Fear no longer clouds your heart. Only passion for living, and for loving, become your sole reality. This is no easy task for it takes insurmountable courage. But remember this, for that moment when you are making love with a woman of true greatness you will feel immortal.
Midnight in Paris (2011), Woody Allen
Tuesday, 11 October 2011
Les Femmes du 6éme Étage, Philippe Le Guay
A estética deliciosa, o multiculturalismo na Paris dos anos 60 e a comédia das espanholas "orgulhosas e corajosas"
ou Este filme dá-me vontade de redecorar o quarto e comer paella.
Modi
Só depois daquela cena em que Modigliani, completamente desesperado e suado, doente, arrasta-se por um café a tentar vender os seus rascunhos por 5 francos é que percebi a beleza de Montparnasse 19.
Aí comecei a ver os lindos close-ups, as sombras, a doçura de Anouk Aimée e a fragilidade de Gérard Philipe como Modigliani. Só no fim do filme, naquela cena tocante que mais lembra um pesadelo, quando, no meio do nevoeiro, o comprador de arte anda atrás de Modigliani que nem o espectro da morte. Só no fim, quando vejo toda uma vida de procura de reconhecimento e não de riqueza a ser colhida pela ganância e por um amontoado de quadros é que toda a beleza do filme me assola. Mais vale tarde do que nunca. Mas vale mesmo.
Enfin, a vida de artista é difícil.
Saturday, 8 October 2011
Tenho uma teoria. O La Dolce Vita é um filme amaldiçoado, mas só para as actrizes principais que nelem participaram.
Há umas semanas atrás li esta notícia onde Anita Ekberg, aquela musa que quase que paira sobre a Fontana di Trevi, diz "You want to know if I feel lonely? Yes, a bit." e que o La Dolce Vita "was not a great film". Depois, esta semana surge esta notícia, segundo a qual a Anouk Aimée já não vem à cidade alfacinha por "motivos de força maior" (haverá pior expressão e menos esclarecedora do que "motivos de força maior"?!).
Bem, amaldiçoadas ou não, a verdade é que eu me sinto abençoada por ter visto este filme e agradeço muito ao senhor Fellini por ele. E é por isso mesmo que vou ter que discordar eternamente com o que Anita Ekberg disse.
Ver a versão restaurada de Le Voyage dans la Lune do Méliès e, ainda por cima, num grande ecrã, é outra coisa. Mas é mesmo. A couleur retrouvée desta curta histórica, traz uma nova perspectiva quando nunca pensei que sequer houvesse outra. A meticulosidade deste trabalho que consistia em pintar à mão, com um pincel, cada fotograma, dá um resultado de uma magia arcaica fantástica e inimaginável.
"Les films de Georges Méliès devaient, dans son esprit, être projetés en couleurs."
Bravo!
Quando o filme começa, e o filme dentro do filme é logo assim tão cativante é bom sinal. No início de The Artist, vemos uma sala de cinema dos anos 20, o público perfeitamente alinhado que, enquanto fala e ri, vê um filme, de uma história típica de aventuras e desventuras mas onde os jogos de sombra e o escuro do preto e branco, que lembram os film noir, falam por si só.
Começamos bem.
Começamos bem.
Sei que sou parcial mas simplesmente por trazer aquela época de ouro de volta, The Artist tem já um lugar especial no meu coração. É bom ver um filme tão audaz (a preto e branco e mudo em pleno século XXI) onde se oscila entre influências como Singin' in the Rain ou Sunset Boulevard. É uma história simples, mas a forma tão nobre e especial como Michel Hazanavicius faz esta homenagem a tempos idos é o que dá todo ao charme ao filme. Não é um simples filme com referências cinematográficas ou uma simples homenagem, é um filme único pois ao honrar um período do cinema, pega nele e cria algo novo.
Àquele preto e branco lindo com os respectivos jogos de iluminação juntam-se os close- ups, umas vezes da cara desesperada de George Valentin, outras vezes da cara apaixonada de Peppy Miller. A banda sonora de Ludovic Bource é fantástica ao acompanhar os altos e baixos da história, mas melhor ainda é quando pára, e surgem momentos de silêncio por 2 minutos, onde temos uma pequena janela de oportunidade para perceber a complexidade da personagem de George Valentin, naquele seu grito de desespero.
Neste jogo entre o cómico típico de Chaplin (existem momentos verdadeiramente cómicos) e o drama que talvez, por momentos, lembra Buster Keaton, o homem que não ri mas faz rir, surgem as personagens. As personagens com as quais estabelecemos uma incrível empatia. Damos por nós a dizer interiormente "não, não faças isso". Até isto relembra a época que Hazanavicius quer homenagear. Era o tempo em que à medida que o filme avançava também nós nos tornava-mos mais próximos das personagens. Não eram ídolos inantigiveís, mas sim amigos pelos quais torcíamos para que tudo corresse bem. Também isto não seria possível sem os actores, está claro. Não só Jean Dujardin, mas também John Goodman, James Cromwell e até o minúsculo papel de Malcolm McDowell ("olha o Alex!" disse eu na minha cabeça). E o cão, evidentemente.
Quando o filme acaba surge uma dança, passamos de Chaplin para Gene Kelly. Uma dança de pôr o pé a bater no chão e depois, finalmente, aparecem sons, palavras, pessoas a falarem. Parece que durante o filme todo estivemos surdos, estavamos a cantarolar a banda sonora na nossa cabeça, e o que importava eram só as imagens. Achamos piada às poucas palavras que surgem no fim e é a maneira perfeita para acabar o filme, com um "role action!" ou uma coisa do género, mas é aí que percebemos que podíamos ouvir mais umas horas daquela música e continuar a ser hipnotizados pelas imagens, somente por aquelas imagens em movimento.
Friday, 7 October 2011
Milos Forman et Fassbinder
Nos histoires d’amour sont les mêmes
Comme si nous avions pratiqué
Dans des piscines parallèles
La natation synchronisée
Comme si nous avions pratiqué
Dans des piscines parallèles
La natation synchronisée
(quero aprender esta coreografia)
Wednesday, 5 October 2011
Monika
Este filme é um mistério. Quem saiba que explique. Que eu me fico a rever o beijo mais beijo da obra de Bergman, aquele da manhã do fogareiro, quando os dois fumam do mesmo cigarro. Depois, lembro-me. Começa a chover.
- João Bénard da Costa
Sunday, 2 October 2011
Salieri Salieri
Amadeus no Teatro D. Maria II
Cenários fantásticos, opções cénicas e uma forma de contar a história invulgares e interessantes, um Diogo Infante soberbo e diálogos mindblowing. E é assim que é uma noite bem passada no teatro. Eu, santo padroeiro dos mediocres, perdoo-vos!
Nunca chegaremos a saber o que matou Mozart. Sabemos apenas que a história daquele que diz ser o seu assassino, Salieri, é a história comum entre mediocridade e virtuosismo. Desde ontem, “Amadeus” atravessa-nos como uma espada fria no D. Maria II. Bem-vindos a um duelo de músicos, que é também um duelo de actores.
Saturday, 1 October 2011
Shadow of the Vampire
Enquanto estava a fazer um trabalho sobre o cinema expressionista alemão lá descobri isto. Não sei quão leal à verdade é este filme, mas o senhor Max Schreck nunca saía da personagem no set do Nosferatu. E é assim muito rapidamente que o meu interesse pelo cinema alemão começa a aumentar. Hoje era suposto ser a noite de Das Cabinet des Dr. Caligari, mas como o sono é muito e não quero arriscar ficar como o Cesare, uma sonâmbula assassina, é capaz de ficar para outro dia. Apetece-me filmes mudos e muito expressionismo, c'est ça.
Souvenir d'un avenir, Chris Marker
O Coraçado Potemkin (Bronenosets Potyomkin) chegou a mim não contrabandeado num carrinho de bebé mas o impacto foi o mesmo. Agora percebo o porquê da polémica à volta deste filme, o porquê de Einsenstein ser louvado pela sua montagem revolucionária, o porquê deste ser "possivelmente, um dos filmes mais analisados da história do cinema", o porquê daquela cena nas escadas em Odessa ser constantemente analisada, comentada e mencionada. E enfim, o porquê de alguns filmes só poderem ser vistos no grande ecrã. Como Manuel Cintra Ferreira escreve na folha da Cinemateca, "um dos momentos fundamentais da história do cinema, um daqueles em que a linguagem deu um salto qualitativo de dimensões gigantescas". Eisenstein, ajoelho-me aos teus pés.
"Também a construção do filme contribuiu para uma "revisão" ou "falsificação" como queiram, dos acontecimentos do Potemkine. Tudo o que se escreveu sobre o motim, depois do filme, teve em conta a sua posição, isto é, a verdade histórica deu lugar à "verdade" da lenda. Eisenstein conta mesmo que recebeu uma carta de um dos marinheiros do Potemkine que se amotinaram agradecendo-lhe o filme que fizera e afirmando que era um dos que tinha sido metidos debaixo da lona. Eisenstein afirma que não teve coragem de lhe responder que esse episódio fora inteiramente inventado por ele. Uma ópera composta posteriormente sobre o motim seguiu o filme de Eisenstein em vez dos acontecimentos reais. Que é isto senão exemplo do que John Ford ilustraria ao longo de toda a sua carreira e que culminaria no The Man Who Shot Liberty Valance: Quando a lenda ocupa o lugar da verdade, publica-se a lenda ?"
Manuel Cintra Ferreira
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