Numa noite de trovoada foi o Monsieur Hulot que me fez companhia. Nesta primeira aparição do mítico Monsieur Hulot é tudo perfeito. Les Vacances de Monsieur Hulot é uma obra-prima de nuances, pormenores e de comédia burlesca. Se eu fosse a destacar tudo o que este filme tem de genial nunca mais saía daqui e chega-me dizer que ontem fiquei inteiramente rendida ao monsieur Jacques Tati. O baile de máscaras, aquele carro barulhento, o Salmson AL3, que demonstra a incorfomidade e o mal-estar de Hulot com as máquinas, a música aos berros de Monsieur Hulot que começa a incomodar os hospedes do hotel, o ténis, os cavalos, a praia. Uma festa! E aquele fim de deixar um sorriso nos lábios quando as férias acabam e tudo volta para as suas casas é parfait, juntamente com a música de Alain Romans. (Contudo não pude deixar de pensar se aquela não despedida com a personagem da jovem rapariga que simpatizou com Hulot não tinha nada a ver com a triste história de Tati e a sua filha ilegítima).
E depois foi altura de uma curta escrita e interpretada por Tati mas realizada por Nicolas Ribowski, Cours du Soir. São 27 minutos mágicos em que Tati dá uma "aula" sobre "observação", um ponto-chave da sua arte, a uns alunos pouco talentosos. De uma maneira muito cómica mostra-nos os diversos fumadores, o jogador de ténis profissional e o amador, como chocar contra um poste, como falhar um degrau. Ouvimos Tati a falar bem mais do que o usual numa curta hilariante onde ele não é so Monsieur Hulot mas muitas outras personagens.
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