Saturday, 7 January 2012

Jean Cocteau e o travelling em Le Sang d'un Poète

Em 1932, Le Sang d'un Poète ficou célebre, além de muitos outros aspectos, por um famoso travelling de Cocteau da personagem do poeta, de tronco nu, submergido por uma penumbra obscura. Contudo, vendo a 7ª Arte como uma forma interessante de tornar o sonho, o surreal, o subjectivo em objectivo, Jean Cocteau pouco sabia de como fazer cinema, e desconhecia o facto de que para se fazer um travelling eram necessários carris. Quando (penso eu) Jean Renoir lhe perguntou como é que tinha feito aquele travelling tão diferente e fantástico, Cocteau limitou-se a explicar que pôs o actor numa plataforma e o puxou em direcção à câmara, ficando esta imóvel. Isto só mostra como Jean Cocteau era, no seu âmago, um poeta e como uma encantadora e refrescante falta de experiência e conhecimentos leva à criação de algo novo e inventivo, numa tentativa de materializar o sonho.
Isto é motivo suficiente para pôr um sorriso nos lábios e dar alguma esperança a auto-didactas que querem fazer cinema, música, literatura, o que quer que seja, simplesmente por um amor incondicional e indispensável ao que os faz mover. Art for art's sake.

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