Em 1932, Le Sang d'un Poète ficou célebre, além de muitos outros aspectos, por um famoso travelling de Cocteau da personagem do poeta, de tronco nu, submergido por uma penumbra obscura. Contudo, vendo a 7ª Arte como uma forma interessante de tornar o sonho, o surreal, o subjectivo em objectivo, Jean Cocteau pouco sabia de como fazer cinema, e desconhecia o facto de que para se fazer um travelling eram necessários carris. Quando (penso eu) Jean Renoir lhe perguntou como é que tinha feito aquele travelling tão diferente e fantástico, Cocteau limitou-se a explicar que pôs o actor numa plataforma e o puxou em direcção à câmara, ficando esta imóvel. Isto só mostra como Jean Cocteau era, no seu âmago, um poeta e como uma encantadora e refrescante falta de experiência e conhecimentos leva à criação de algo novo e inventivo, numa tentativa de materializar o sonho.
Isto é motivo suficiente para pôr um sorriso nos lábios e dar alguma esperança a auto-didactas que querem fazer cinema, música, literatura, o que quer que seja, simplesmente por um amor incondicional e indispensável ao que os faz mover. Art for art's sake.
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